O que esperar da Apple em 2019
Guilherme Rambo
07/02/2019 09h00
O ano de 2019 começou agitado para a empresa de Cupertino, que precisou divulgar um reajuste na sua previsão para os investidores após vendas fracas (especialmente na China) e, mais recentemente, teve de lidar com um problema grave de privacidade causado por um bug no FaceTime.
Mas não é só de controvérsias que vive a Apple: a empresa também possui uma grande linha de produtos, serviços e software, a maioria deles atualizada anualmente. Este ano promete ser bastante agitado, especialmente nas áreas de serviços e softwares.
A empresa é conhecida por ser extremamente cuidadosa com seus segredos, mas isso não impede que pequenos pedaços de informação vazem, seja via lançamentos de betas ou através de funcionários e parceiros dando indicações para a mídia. Neste post, faço um compilado do que nós já sabemos sobre o que esperar da Apple neste ano.
Serviços
A área de serviços tem se tornado cada vez mais importante para a Apple, que recentemente liberou acesso à iTunes Store, AirPlay 2 e HomeKit a fabricantes de televisores, tornando seus serviços acessíveis àqueles que não possuem todos os dispositivos do seu ecossistema. Se as vendas de iPhones tendem a se manter estáveis (ou até mesmo à queda), a empresa busca nos serviços uma forma de manter suas margens de lucro altas. Para 2019, a Apple está trabalhando em pelo menos três novos serviços por assinatura.
O primeiro deles, atualmente chamado de Apple News Magazines, mas que pode mudar de nome até o lançamento, será integrado ao aplicativo Apple News, que atualmente não está disponível no Brasil. O serviço dará acesso a uma série de revistas dentro do app News. Ainda não temos muitas informações sobre quais publicações estariam disponíveis no serviço ou qual será o valor da assinatura, mas é bem provável que ESPN, Vogue, Bon Appétit e Shape sejam parte dos parceiros iniciais. Também não sabemos se e quando estará disponível para nós brasileiros, visto que nem mesmo o app News está disponível por aqui, tendo sido liberado no Canadá em beta duas semanas atrás, com o primeiro beta do iOS 12.2.
O segundo serviço que a Apple pretende lançar este ano é um serviço de assinatura para games. Os jogos são uma enorme fonte de renda tanto para os desenvolvedores quanto para a Apple, que abocanha 30% dos rendimentos de tudo que é vendido através da App Store. Lançar uma plataforma de games por assinatura poderia ser uma forma de trazer grandes players para o iPhone, garantindo melhores títulos para a plataforma da Apple.
Por último, mas não menos importante, a Apple também está trabalhando em um serviço de streaming de vídeo, estilo Netflix, incluindo diversas produções próprias. É possível que o serviço seja integrado ao Apple Music, que já conta com algum conteúdo de vídeo, ou que seja uma assinatura a parte, integrada ao aplicativo TV, que hoje em dia permite ao usuário assistir ao conteúdo de outros provedores, além do que está disponível na iTunes Store.
Com tantos serviços de assinatura, fica a pergunta: quem vai querer pagar por todos eles? Para resolver esse problema, é muito provável que a empresa ofereça uma única assinatura que de conta de todos esses serviços: iCloud, Apple Music, News, TV e Games. Muitos usuários optariam por pagar um único valor e ter acesso ao pacote completo.
Os novos serviços por assinatura da Apple podem ser anunciados em março, quando a empresa muito provavelmente fará um evento com o lançamento de novos dispositivos (mais sobre isso adiante). Caso não esteja tudo pronto até lá, a empresa pode preferir anunciar os serviços junto do iOS 13, em junho.
Software
Embora a Apple seja muito conhecida por seus dispositivos como o iPhone e o iPad, ou até mesmo o iPod, grande parte do sucesso da empresa se deve ao software que dá vida a esses dispositivos e sua integração profunda com o hardware. Este ano será bastante promissor para o software da Apple, que em 2018 recebeu atualizações (bem-vindas) mais focadas em performance e correção de bugs e menos em novidades.
O iOS 13 deverá suportar todos os dispositivos já suportados pelo iOS 12, exceto o iPhone 5s, iPad mini 2 e o iPad 5. O novo sistema trará o modo escuro, lançado no ano passado para o macOS, para os dispositivos móveis da Apple. O modo escuro será certamente muito bem-vindo, especialmente pelos usuários de dispositivos com telas OLED como o iPhone X e o iPhone XS.
A grande novidade do iOS 13 não será para usuários de iPhone, mas sim para os usuários de iPad. Muito se fala sobre como os iPads mais novos, especialmente os da linha Pro, são excelentes no hardware, mas deixam a desejar no software para usuários mais avançados. A Apple pretende corrigir isso no iOS 13, introduzindo um novo conceito de home screen, que atualmente segue o mesmo conceito do iPhone – apenas uma tela cheia de ícones.
O projeto da nova tela inicial para o iPad iniciou-se há alguns anos e afastará um pouco mais o software que roda no iPad daquele que roda no iPhone, embora tudo indique que ambos continuarão se chamando iOS. Essa nova tela inicial poderá incluir widgets, sugestões da Siri, além de permitir também múltiplas abas dentro de um mesmo aplicativo, parecido com o que já existe hoje no Safari.
No macOS, a grande novidade será para os desenvolvedores de aplicativos para iOS, que ganharão novas ferramentas para tornar seus apps compatíveis com o Mac. O projeto, que internamente é chamado de Marzipan, já é usado nos aplicativos News, Voice Memos, Stocks e Home no Mac. A liberação dessa ferramenta para todos os desenvolvedores poderá trazer diversos aplicativos que hoje só estão disponíveis nos iPhones e iPads para o Mac.
A Apple costuma anunciar suas novidades de software na apresentação de abertura da WWDC, sua conferência para desenvolvedores, que acontece sempre no início de junho.
Hardware
O ano também contará com boas novidades de hardware, começando com o lançamento de uma nova versão do iPad Mini, que não é atualizado desde 2015, acompanhado de um novo iPad de entrada com tela de 10 polegadas. Nenhum dos novos iPads deverá contar com o novo design introduzido nos iPads Pro de 2018, ou seja, nada de Face ID por enquanto. Além disso, outro dispositivo que será ressuscitado em 2019 será o iPod Touch, que também recebeu sua última atualização em 2015.
Tudo indica que esse novo iPod Touch será somente uma pequena revisão de hardware, provavelmente contando com um processador mais rápido. Apesar de ser uma atualização simples, muitos fãs do produto ficarão felizes com a novidade. Além disso, o tão aguardado AirPower também não está morto: o dispositivo foi anunciado na keynote de lançamento do iPhone X em 2017 e após isso a empresa nunca mais tocou no assunto. Pois tudo indica que ele finalmente entrou em produção recentemente e deverá ser finalmente lançado, após passar por problemas de aquecimento e ter que ser totalmente redesenhado pelos engenheiros da empresa.
Os fones de ouvido que ficaram populares e viraram meme, os AirPods, também devem receber uma atualização. A nova geração dos AirPods virá com uma nova caixinha que suporta carregamento sem fio (para funcionar com o AirPower) e poderá ter funções voltadas à saúde, além de resistência à água.
Os novos iPads, AirPods, iPod Touch e AirPower devem ser anunciados em um evento especial em março.
Mas o produto mais aguardado certamente é o novo iPhone. Os iPhones deste ano deverão contar com não apenas duas, mas três câmeras na parte de trás do celular, para capturar ainda mais pixels, permitindo maior controle nos ajustes que podem ser feitos depois da foto ser tirada. Existem rumores de que os iPhones deste ano poderão já vir com conector USB-C, assim como o novo iPad Pro lançado no ano passado, mas isso pode ser apenas um teste que está sendo feito com protótipos, então por enquanto não vale a pena se desesperar.
Além do upgrade de câmera, os novos iPhones virão com o processador A13 da Apple, que vai tornar os dispositivos ainda mais rápidos. O novo processador também contribuirá com um Face ID mais rápido, graças ao poder da Neural Engine que o acompanha.
Os novos iPhones devem ser anunciados em um evento especial em setembro, como de costume.
Isto é o que sabemos até agora, com base em rumores e algumas informações obtidas diretamente da Apple, em seu software. Será um ano bastante agitado para a empresa.
Imagem: Gunho Lee via ConceptsiPhone
Sobre o autor
Guilherme Rambo é programador desde os 12 anos. Especialista em engenharia reversa, é conhecido mundialmente por revelar os segredos da Apple antes mesmo dos anúncios da empresa, além de programar para as plataformas da empresa.
Sobre o blog
Dos segredos escondidos nos códigos da Apple às tendências do mundo da tecnologia, o blog Entre Linhas aborda semanalmente os temas mais interessantes e atuais do mercado tecnológico sob o ponto de vista do programador Guilherme Rambo.